Nem todo mundo esperava, mas o Banco Central decidiu mexer novamente na taxa básica de juros. Desde setembro do ano passado, foram seis aumentos consecutivos. Agora, em maio de 2025, a Selic foi para 14,75% ao ano, o valor mais alto desde 2006. Para muita gente, cada ponto parece distante, mas o efeito chega direto ao bolso de quem pede dinheiro emprestado, compra parcelado ou depende do financiamento para tirar planos do papel.
O movimento acompanha o desafio de segurar uma inflação que insiste em ficar acima da meta. Os preços continuam pressionados por fatores que já viraram rotina no país: alimentos caros, energia pesando na conta de quem não pode escolher e um mercado de trabalho surpreendentemente forte, que deixa a renda circulando e incentiva o consumo mesmo em tempos de juros altos. Só para 2025, as previsões apontam IPCA perto de 5,53% — bem fora do alvo oficial de 3% do BC.
O clima global também não ajuda. As tensões aumentaram com políticas mais duras dos Estados Unidos na área de comércio, que mexem com o dólar e deixam tudo mais complicado para países emergentes como o Brasil. Resultados disso? Mais incerteza, menos apetite para tomar risco e um ambiente que força a autoridade monetária a ser ainda mais conservadora.
Segundo o Comitê de Política Monetária (Copom), os efeitos desses aumentos de juros demoram para chegar de verdade na economia. Por isso, o BC já deixou no ar que pode pausar ou desacelerar esse ciclo de alta, esperando para ver se os remédios amargos já dados serão suficientes. Afinal, desde setembro de 2024 a Selic já subiu 425 pontos básicos, uma tacada que encarece o crédito, esfria a economia, mas, se funcionar, ajuda a frear a alta dos preços que atormenta o consumidor.
Para quem empreende, consome ou precisa daquela força do banco, o recado é claro: o dinheiro está ainda mais caro, e o país de olho no cenário internacional. O Banco Central agora aposta na prudência, usando os próprios aumentos já feitos como argumento para avaliar os próximos passos com calma. Enquanto isso, muita gente segue se perguntando até quando o aperto vai durar e qual o limite de resistência da economia brasileira a esse ciclo de juros elevados.