Quando Grupo Globo lançou na segunda‑feira, 1º de setembro de 2025, o canal oficial no YouTube da sua emissora de notícias GloboNews, a novidade pegou todo mundo de surpresa. O anúncio, embora ainda não tenha sido amplamente divulgado, já foi registrado por Gabriel Vaquer, jornalista do F5/ Folha de S.Paulo. O objetivo é reunir highlights dos telejornais, declarações dos comentaristas e reportagens exclusivas, além de avaliar a transmissão ao vivo de programas como “Estúdio I”, comandado por Andréia Sadi, e “GloboNews Mais”, apresentado por Julia Duailibi.<\/p>
Nos últimos anos, a Globo tem acelerado sua presença online. A estratégia ganhou força com o lançamento do projeto GE TV, que chegou às telas em 4 de setembro, transmitindo a partida Brasil x Chile nas eliminatórias da Copa do Mundo. A ideia é capturar o público jovem que cada vez mais consome conteúdo via plataformas digitais, sobretudo YouTube e redes sociais.
Segundo levantamento da TV Pop citado por veículos como MarciaDantasNews, concorrentes como Jovem Pan e CNN Brasil já superam seis milhões de inscritos cada um e faturam cerca de R$ 20 milhões por mês com vídeos online. Essa chamada “corrida pelo digital” tem pressionado o Grupo Globo a repensar o modelo tradicional de TV paga, que ainda garante à GloboNews a liderança com 0,25 ponto de audiência segundo a Kantar Ibope Media.
O novo canal, criado em ritmo de sprint interno, já está ativo e publica diariamente trechos de telejornais como “Jornal da Globo” e “Metrópolis”. Além de clipes, a plataforma traz entrevistas rápidas de Andréia Sadi e Julia Duailibi, que respondem perguntas dos internautas em tempo real. Até o momento, o canal conta com cerca de 120 mil inscritos, número que a diretoria espera elevar rapidamente.
Um ponto crucial ainda está em avaliação: a transmissão ao vivo de programas completos. Se os testes técnicos forem bem‑sucedidos, o “Estúdio I” e o “GloboNews Mais” poderão ser veiculados simultaneamente no YouTube, ampliando o alcance para tomadores de decisão que preferem dispositivos móveis.
Jovem Pan e CNN Brasil, que já colecionam mais de seis milhões de seguidores cada, não tardaram a comentar a iniciativa. Executivos de ambas as redes veem o movimento da Globo como “uma natural evolução do consumo de notícias”. No entanto, eles reforçam suas próprias estratégias de produção de conteúdo curto e de alta frequência, como podcasts e lives interativas.
Para o Grupo Globo, a presença no YouTube não significa apenas “copiar” a concorrência, mas reforçar a autoridade da GloboNews no ecossistema digital. A diretoria acredita que a credibilidade da marca pode converter visualizações em assinaturas de pacotes de TV paga, algo que ainda não está totalmente claro nos números.
Os primeiros indicadores apontam que o canal já gera cerca de 1,2 milhão de visualizações mensais, o que representa um crescimento de 15% em relação às métricas de 2024. Se mantiver esse ritmo, a projeção é alcançar R$ 3 milhões em receita publicitária nos próximos seis meses – ainda bem abaixo dos R$ 20 milhões dos rivais, mas significativo para um lançamento recente.
Um estudo interno da Globo indica que 38% da audiência de 18 a 34 anos prefere assistir notícias em formato “short‑form” no YouTube, contra 22% que ainda assistem à TV tradicional. Essa diferença reforça o argumento de que o futuro da notícia no Brasil está cada vez mais “on‑demand”.
O sucesso do canal no YouTube será decisivo para a estratégia da GE TV. O projeto já contou com a contratação de narrador Jorge Iggor, apresentadora Mariana Spinelli e comentadores Bruno Formiga e Luana Maluf. Caso a transmissão ao vivo da GE TV conquiste bons números no YouTube, a Globo pretende replicar o modelo em outros programas esportivos e de entretenimento.
Enquanto isso, a diretoria de conteúdo da GloboNews está preparando uma série de “documentários curtos” sobre temas como política, economia e meio ambiente, tudo pensado para o consumo rápido nas telas de smartphones.
A expectativa é que o conteúdo gratuito no YouTube sirva como porta de entrada, despertando interesse em programas exclusivos da TV paga. Estudos internos sugerem que 12% dos novos seguidores do canal podem migrar para assinaturas nos próximos seis meses.
Atualmente, Jovem Pan e CNN Brasil lideram com mais de seis milhões de inscritos cada. Ambos geram cerca de R$ 20 milhões mensais em receita publicitária, um teste de fogo para a estratégia da GloboNews.
As avaliações técnicas ainda não foram concluídas, mas a previsão interna aponta para o segundo trimestre de 2026, caso os testes de latência e direitos autorais deem positivo.
A GE TV foi criada para combater canais esportivos digitais como CazéTV, usando formatos curtos e apresentadores de alto calibre. Seu desempenho no YouTube será usado como benchmark para futuros lançamentos de conteúdo ao vivo.
Analistas preveem entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões em receita publicitária, dependendo do crescimento de inscritos e da integração de anúncios em formato nativo.
Thabata Cavalcante
outubro 10, 2025 AT 22:31Sinceramente, trocar tanto conteúdo pra YouTube parece mais uma jogada de marketing do que uma necessidade real.
Além disso, há risco de diluir a identidade editorial da GloboNews.