Protestos nas convenções da APC abalam Kwara, Akwa Ibom e Imo
out 14, 2025
joice joicinha
por joice joicinha

Na manhã de 1 de agosto de 2021, All Progressives Congress (APC) viu suas convenções de alas serem interrompidas em ao menos seis estados da Nigéria – Kwara, Lagos, Imo, Osun, Akwa Ibom e Delta – quando cidadãos e militantes do partido saíram às ruas questionando a lisura das listas de candidatos. Entre os nomes que geraram maior tensão estavam o ex‑senador Emmanuel Akpanudoedehe, o ex‑governador e senador Rochas Okorocha, o governador de Kwara AbdulRahman AbdulRazaq e o presidente nacional da APC Abdullahi Umar Ganduje, apoiado pelo presidente da República Muhammadu Buhari. O acontecimento ameaça a unidade do partido em um momento crítico de escolha de dirigentes locais em 8.809 alas de todo o país.

Contexto histórico dos congressos de alas da APC

As convenções de alas são exigidas pela carta constitucional da APC para eleger autoridades de base a cada quatro anos. Em 2020, o Comitê Executivo Nacional dissolveu o executivo estadual de Kwara, instalando uma comissão interina que rapidamente se fragmentou. Em julho de 2021, o partido divulgou a agenda nacional: todos os 8.809 comícios deveriam acontecer no mesmo dia – 1º de agosto – para evitar atrasos nas eleições gerais de 2023.

Essa sincronização, embora prática, também cria um terreno fértil para disputas regionais, já que qualquer manobra em um estado pode desencadear reação em outra parte do país.

Os protestos em Akwa Ibom: acusações contra Emmanuel Akpanudoedehe

No sul do país, manifestantes em Akwa Ibom exigiam o cancelamento imediato das convenções depois que relatos apontaram que Emmanuel Akpanudoedehe, senador entre 2007 e 2015, teria “manipulado as listas para incluir apenas seus leais”. Placas com frases como “Akpanudoedehe não pode decidir por nós” e “Chega de ditadura de um homem” foram vistas nas ruas de Uyo, capital do estado.

Na sexta‑feira, 30 de julho, o Fórum dos Anciãos da APC em Akwa Ibom, liderado pelo ex‑piloto Sam Ewang (aposentado e membro do Conselho de Fiduciários), aprovou um voto de desconfiança contra o presidente interino Dr. Ita Udosen. A resolução acusou Udosen de “cair na carta de Akpanudoedehe” e de adulterar as listas em benefício do ex‑senador.

Segundo testemunhas, a tensão escalou quando a comissão interina tentou proclamar candidatos excluídos, gerando confrontos verbais e, em alguns casos, bloqueios de portões das sedes de votação.

Crise em Kwara: facções rivais e o papel do governador AbdulRahman AbdulRazaq

Crise em Kwara: facções rivais e o papel do governador AbdulRahman AbdulRazaq

Em Kwara, a situação tomou contornos quase de guerra civil dentro do partido. Dois grupos organizaram simultaneamente congressos paralelos para eleger dirigentes em todas as 193 alas do estado. Um dos blocos, conhecido como “AA Group”, apoiava publicamente o governador AbdulRahman AbdulRazaq e adotou um método consensual para escolher os candidatos.

Um porta‑voz não identificado, mas com acesso direto à liderança nacional, declarou ao vivo: “Agradeço ao presidente Muhammadu Buhari e ao nosso presidente nacional Abdullahi Umar Ganduje (Buni). Eles não se deixaram levar por intrigas que pretenderiam nos rebaixar ao nível de comitê interino.”

Do outro lado, aliados do ex‑governador e senador Bukola Saraki (não marcado como entidade principal para evitar excesso) organizaram um congresso rival que contestou a legitimidade do processo consensual.

O impasse resultou em barricadas nas sedes dos partidos, com relatórios de força policial sendo acionada para impedir confrontos mais graves.

Imo e o boicote de Rochas Okorocha

No nordeste, Imo viu um bloqueio total das convenções quando o ex‑governador Rochas Okorocha, então senador de Imo Oeste, ordenou que todos os seus apoiadores se abstivessem de participar. A ação foi vista como retaliação à crescente influência do governador em exercício, Hope Uzodinma, que havia subido ao poder após a disputa das eleições suplementares de 2019.

Okorocha descreveu o calendário da APC como “um plano imposto sem consulta aos verdadeiros líderes regionais”. Seu bloqueio acabou gerando uma “crise paralela” no capítulo estadual, com muitos delegados se reunindo em locais alternativos para discutir estratégias.

Reação da liderança nacional e perspectivas para a unidade do partido

Reação da liderança nacional e perspectivas para a unidade do partido

Apesar das manifestações, a sede da APC em Abuja manteve firme a decisão de prosseguir com o dia 1º de agosto. O presidente nacional, Abdullahi Umar Ganduje, enviou comunicado enfatizando que “os comícios são essenciais para a democracia interna e não podem ser sabotados por interesses individuais”.

Em comunicado conjunto, o presidente da República, Muhammadu Buhari, pediu “calma e respeito ao processo”. Porém, especialistas políticos alertam que a resistência pode se estender até a data limite de validação dos resultados, prevista para 15 de agosto.

Um pesquisador da Universidade de Lagos, Dr. Chinedu Okeke, comenta que “se a APC não conseguir reconciliar as facções agora, corre o risco de perder coesão nas próximas eleições gerais, algo que partidos rivais já aproveitam”.

  • Data dos protestos: 1 de agosto de 2021
  • Estados mais afetados: Kwara, Akwa Ibom, Imo
  • Principais acusados: Emmanuel Akpanudoedehe, Ita Udosen
  • Liderança nacional mantida: Abdullahi Umar Ganduje
  • Validação dos resultados prevista para: 15 de agosto de 2021

Perguntas Frequentes

Como os protestos afetam os eleitores da APC nos estados envolvidos?

Os eleitores que são membros da APC podem ter seu voto anulado ou atrasado, o que diminui a representatividade nas lideranças locais. Em Kwara, por exemplo, a existência de duas convenções paralelas pode gerar duas listas distintas de delegados, complicando a validação nacional.

Qual foi o motivo principal da acusação contra Emmanuel Akpanudoedehe?

Ele foi apontado como autor de uma suposta manipulação da lista de candidatos, inserindo apenas seguidores seus nas alas de Uyo, Eket e Ikot Ekpene, o que violaria os princípios democráticos internos da APC.

Por que Rochas Okorocha decidiu boicotar as convenções em Imo?

Okorocha vê o processo como um instrumento usado por Hope Uzodinma para consolidar seu poder. O boicote serve como forma de pressão para renegociar cargos e garantir que sua bancada permaneça influente dentro da estrutura estadual.

O que a liderança nacional da APC pretende fazer para resolver a crise?

Até o momento, Ganduje e o presidente Buhari mantêm a data de 1º de agosto, mas sinalizaram a abertura de uma comissão de reconciliação que reunirá representantes de todas as facções para validar as listas até 15 de agosto.

Quais são as possíveis consequências se a APC não conseguir conciliar as diferenças?

A falta de consenso pode levar à anulação de dezenas de delegados, enfraquecendo a base do partido nas eleições gerais de 2023 e abrindo espaço para que opositores como o PDP ganhem terreno em estados-chave.

1 Comments

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    Elisson Almeida

    outubro 14, 2025 AT 01:02

    É fundamental que a APC preserve a integridade do processo de seleção de delegados, pois a legitimidade institucional depende da transparência nas listas. O uso de termos como “conferência de alas” e “comício sincronizado” demonstra a complexidade organizacional envolvida. Manter o respeito pelas normas partidárias ajuda a evitar fragmentações internas.

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