Na manhã de 1 de agosto de 2021, All Progressives Congress (APC) viu suas convenções de alas serem interrompidas em ao menos seis estados da Nigéria – Kwara, Lagos, Imo, Osun, Akwa Ibom e Delta – quando cidadãos e militantes do partido saíram às ruas questionando a lisura das listas de candidatos. Entre os nomes que geraram maior tensão estavam o ex‑senador Emmanuel Akpanudoedehe, o ex‑governador e senador Rochas Okorocha, o governador de Kwara AbdulRahman AbdulRazaq e o presidente nacional da APC Abdullahi Umar Ganduje, apoiado pelo presidente da República Muhammadu Buhari. O acontecimento ameaça a unidade do partido em um momento crítico de escolha de dirigentes locais em 8.809 alas de todo o país.
Contexto histórico dos congressos de alas da APC
As convenções de alas são exigidas pela carta constitucional da APC para eleger autoridades de base a cada quatro anos. Em 2020, o Comitê Executivo Nacional dissolveu o executivo estadual de Kwara, instalando uma comissão interina que rapidamente se fragmentou. Em julho de 2021, o partido divulgou a agenda nacional: todos os 8.809 comícios deveriam acontecer no mesmo dia – 1º de agosto – para evitar atrasos nas eleições gerais de 2023.
Essa sincronização, embora prática, também cria um terreno fértil para disputas regionais, já que qualquer manobra em um estado pode desencadear reação em outra parte do país.
Os protestos em Akwa Ibom: acusações contra Emmanuel Akpanudoedehe
No sul do país, manifestantes em Akwa Ibom exigiam o cancelamento imediato das convenções depois que relatos apontaram que Emmanuel Akpanudoedehe, senador entre 2007 e 2015, teria “manipulado as listas para incluir apenas seus leais”. Placas com frases como “Akpanudoedehe não pode decidir por nós” e “Chega de ditadura de um homem” foram vistas nas ruas de Uyo, capital do estado.
Na sexta‑feira, 30 de julho, o Fórum dos Anciãos da APC em Akwa Ibom, liderado pelo ex‑piloto Sam Ewang (aposentado e membro do Conselho de Fiduciários), aprovou um voto de desconfiança contra o presidente interino Dr. Ita Udosen. A resolução acusou Udosen de “cair na carta de Akpanudoedehe” e de adulterar as listas em benefício do ex‑senador.
Segundo testemunhas, a tensão escalou quando a comissão interina tentou proclamar candidatos excluídos, gerando confrontos verbais e, em alguns casos, bloqueios de portões das sedes de votação.
Crise em Kwara: facções rivais e o papel do governador AbdulRahman AbdulRazaq
Em Kwara, a situação tomou contornos quase de guerra civil dentro do partido. Dois grupos organizaram simultaneamente congressos paralelos para eleger dirigentes em todas as 193 alas do estado. Um dos blocos, conhecido como “AA Group”, apoiava publicamente o governador AbdulRahman AbdulRazaq e adotou um método consensual para escolher os candidatos.
Um porta‑voz não identificado, mas com acesso direto à liderança nacional, declarou ao vivo: “Agradeço ao presidente Muhammadu Buhari e ao nosso presidente nacional Abdullahi Umar Ganduje (Buni). Eles não se deixaram levar por intrigas que pretenderiam nos rebaixar ao nível de comitê interino.”
Do outro lado, aliados do ex‑governador e senador Bukola Saraki (não marcado como entidade principal para evitar excesso) organizaram um congresso rival que contestou a legitimidade do processo consensual.
O impasse resultou em barricadas nas sedes dos partidos, com relatórios de força policial sendo acionada para impedir confrontos mais graves.
Imo e o boicote de Rochas Okorocha
No nordeste, Imo viu um bloqueio total das convenções quando o ex‑governador Rochas Okorocha, então senador de Imo Oeste, ordenou que todos os seus apoiadores se abstivessem de participar. A ação foi vista como retaliação à crescente influência do governador em exercício, Hope Uzodinma, que havia subido ao poder após a disputa das eleições suplementares de 2019.
Okorocha descreveu o calendário da APC como “um plano imposto sem consulta aos verdadeiros líderes regionais”. Seu bloqueio acabou gerando uma “crise paralela” no capítulo estadual, com muitos delegados se reunindo em locais alternativos para discutir estratégias.
Reação da liderança nacional e perspectivas para a unidade do partido
Apesar das manifestações, a sede da APC em Abuja manteve firme a decisão de prosseguir com o dia 1º de agosto. O presidente nacional, Abdullahi Umar Ganduje, enviou comunicado enfatizando que “os comícios são essenciais para a democracia interna e não podem ser sabotados por interesses individuais”.
Em comunicado conjunto, o presidente da República, Muhammadu Buhari, pediu “calma e respeito ao processo”. Porém, especialistas políticos alertam que a resistência pode se estender até a data limite de validação dos resultados, prevista para 15 de agosto.
Um pesquisador da Universidade de Lagos, Dr. Chinedu Okeke, comenta que “se a APC não conseguir reconciliar as facções agora, corre o risco de perder coesão nas próximas eleições gerais, algo que partidos rivais já aproveitam”.
- Data dos protestos: 1 de agosto de 2021
- Estados mais afetados: Kwara, Akwa Ibom, Imo
- Principais acusados: Emmanuel Akpanudoedehe, Ita Udosen
- Liderança nacional mantida: Abdullahi Umar Ganduje
- Validação dos resultados prevista para: 15 de agosto de 2021
Perguntas Frequentes
Como os protestos afetam os eleitores da APC nos estados envolvidos?
Os eleitores que são membros da APC podem ter seu voto anulado ou atrasado, o que diminui a representatividade nas lideranças locais. Em Kwara, por exemplo, a existência de duas convenções paralelas pode gerar duas listas distintas de delegados, complicando a validação nacional.
Qual foi o motivo principal da acusação contra Emmanuel Akpanudoedehe?
Ele foi apontado como autor de uma suposta manipulação da lista de candidatos, inserindo apenas seguidores seus nas alas de Uyo, Eket e Ikot Ekpene, o que violaria os princípios democráticos internos da APC.
Por que Rochas Okorocha decidiu boicotar as convenções em Imo?
Okorocha vê o processo como um instrumento usado por Hope Uzodinma para consolidar seu poder. O boicote serve como forma de pressão para renegociar cargos e garantir que sua bancada permaneça influente dentro da estrutura estadual.
O que a liderança nacional da APC pretende fazer para resolver a crise?
Até o momento, Ganduje e o presidente Buhari mantêm a data de 1º de agosto, mas sinalizaram a abertura de uma comissão de reconciliação que reunirá representantes de todas as facções para validar as listas até 15 de agosto.
Quais são as possíveis consequências se a APC não conseguir conciliar as diferenças?
A falta de consenso pode levar à anulação de dezenas de delegados, enfraquecendo a base do partido nas eleições gerais de 2023 e abrindo espaço para que opositores como o PDP ganhem terreno em estados-chave.
Elisson Almeida
outubro 14, 2025 AT 01:02É fundamental que a APC preserve a integridade do processo de seleção de delegados, pois a legitimidade institucional depende da transparência nas listas. O uso de termos como “conferência de alas” e “comício sincronizado” demonstra a complexidade organizacional envolvida. Manter o respeito pelas normas partidárias ajuda a evitar fragmentações internas.
Jémima PRUDENT-ARNAUD
outubro 14, 2025 AT 21:57A manipulação das alçadas partidárias revela a verdadeira natureza do poder: um jogo de sombras onde a elite se serve de discursos inflados para mascarar a ausência de substância. Quando se invoca a “democracia interna” sem oferecer espaço real, está se praticando um teatro de opressão. Os atores desse drama acreditam ser invulneráveis, mas a história sempre expõe seus artifícios. É imprescindível desmascarar essas pretensões antes que a própria estrutura colapse sob seu peso.
Paulo Ricardo
outubro 15, 2025 AT 18:52Essas convenções são puro espetáculo de egos inflados.
Everton B. Santiago
outubro 16, 2025 AT 15:47Entendo a frustração, mas há quem ainda acredite que o debate interno pode gerar soluções reais. O compromisso dos membros deve ser canalizado para encontrar um terreno comum, evitando que a polarização avance ainda mais. Cada voz, ainda que pequena, pode influenciar o rumo da partida.
Joao 10matheus
outubro 17, 2025 AT 12:42Mas vocês nã perceberam q a trama vai muito além d o que vemos nos notíc... Os intres da elite nacional tão a manipular tud... Cada decisão é precedida d acordos secrEtos que nem a mídia ousa revelar. É tudo parte d um plano maior pra manter o statu quo e coibir qualquer mudança autêntica.
Jéssica Nunes
outubro 18, 2025 AT 09:37Considerando os documentos apresentados, percebe‑se que a articulação entre as lideranças estaduais e a diretoria nacional segue padrões que sugerem coordenação estratégica. Tal coerência, embora oficialmente justificada como necessidade organizacional, pode ser interpretada como tentativa de consolidar influência em detrimento da autonomia local. É imperativo que se avalie o impacto dessas dinâmicas sobre a representatividade efetiva dos filiados.
Michele Souza
outubro 19, 2025 AT 06:32Olha, apesar de tudo isso parecer meio sinistro, ainda vejo espaço pra gente fazer a diferença! Se todo mundo se ligar e participar, dá pra mudar o jogo e trazer mais voz pro povo. Vamos manter a esperança viva e lutar por um processo mais justo!
Paulo Víctor
outubro 20, 2025 AT 03:27E aí galera, bora transformar essa energia em ação? Se cada um colaborar, organizando meetings e puxando outros moradores, a gente quebra essa maré de manipulação. Não deixa a peteca cair, vamo que vamo, que a mudança só acontece quando a gente encara na real.
Ana Beatriz Fonseca
outubro 21, 2025 AT 00:22A estrutura de poder descrita sugere um padrão de elitismo institucionalizado que, ao ser analisado sob a ótica da teoria dos sistemas, revela falhas estruturais de representação. A ausência de mecanismos de accountability efetivos gera um vácuo onde interesses particulares proliferam. Tal configuração, contudo, abre espaço para movimentos dissidentes que buscam reconfigurar o equilíbrio interno. É imprescindível que se reconheça a necessidade de reformas profundas para restaurar a legitimidade.
Willian José Dias
outubro 21, 2025 AT 21:17De fato, a situação atual, ao que parece, apresenta múltiplas camadas de complexidade; entretanto, é preciso observar que cada camada interage de maneira interdependente, criando um cenário onde soluções isoladas são insuficientes. Assim, ao propor intervenções, devemos considerar não apenas os sintomas visíveis, mas também as causas subjacentes…
Flávia Teixeira
outubro 22, 2025 AT 18:12Vamos manter o ânimo alto! 😊 Cada passo rumo à transparência faz a diferença, e juntos somos mais fortes. 💪 Não desanimem, continuem engajados e espalhem a energia positiva! 🌟
Leandro Augusto
outubro 23, 2025 AT 15:07É inadmissível que, mesmo diante de tantas evidências, persista a resistência de certos quadrantes da liderança. A postura arrogante e beligerante demonstra completo desdém pela própria missão partidária. Convoco, portanto, à reflexão profunda e ao abandono imediato de estratégias destrutivas, sob pena de comprometer irrevogavelmente a coesão nacional.
Gabriela Lima
outubro 24, 2025 AT 12:02O precedente histórico da APC evidencia que a luta por poder interno tem raízes profundas na própria fundação do partido. Cada ciclo eleitoral traz à tona disputas que testam a capacidade de conciliação entre as diferentes alas. A tentativa de uniformizar as convenções em um único dia revela uma estratégia de centralização que ignora as especificidades regionais. As críticas recorrentes apontam para a falta de consulta popular dentro da estrutura partidária. A legitimidade das listas de candidatos torna‑se questionável quando processos opacos prevalecem. Os membros da base frequentemente sentem‑se excluídos das decisões cruciais. Essa exclusão alimenta um sentimento de injustiça que se manifesta em protestos nas ruas. Os líderes nacionais, ao reafirmar a necessidade de seguir o calendário, parecem desconsiderar o impacto nas bases. O caso de Akpanudoedehe ilustra como interesses pessoais podem sobrepor o bem coletivo. Da mesma forma, a resistência de Okorocha demonstra que rivalidades pessoais continuam a dominar o cenário. A resposta institucional, ao focar apenas em comunicados, não resolve as tensões subjacentes. É preciso criar mecanismos de mediação que incluam representantes de todas as facções. Sem essa inclusão, corremos o risco de fragmentar ainda mais o partido. A unidade partidária é essencial para a competitividade nas eleições gerais. Por fim, a história nos ensina que a cooperação supera a disputa quando há vontade política genuína.
Elida Chagas
outubro 25, 2025 AT 08:57Claro, porque a solução mágica vai ser um jantar de diplomatas e um brinde ao consenso, não é? Enquanto isso, a realidade nas ruas continua a mostrar que palavras vazias não bastam para mudar o jogo.
Thais Santos
outubro 26, 2025 AT 05:52Eu acho que a gente pode refletir sobre como a busca por poder muitas vezes ofusca o propósito maior de servir à comunidade. Se cada um tentar enxergar além dos próprios interesses, talvez a política recupere um sentido mais humano. É um caminho difícil, mas vale a pena explorar.